Estava cozinhando quando um ruído estranho de TV fora do ar invadiu a cozinha, misturando-se à voz de Jamie Cullum que vinha do computador ligado na sala. Baixei o fogo e corri ao balcão, afinal de contas não tenho TV. Só consegui perceber que algo acontecia na praça pela quantidade de gente aglomerada. Mais não pude ver.
As meninas podem esperar pela sopa, pensei, además que ainda estão no metrô. Desliguei o fogo e o iTunes, tirei o avental, calcei as havaianas e desci.
O que vi me deixou encantada. O Passeig del Born estava polvilhado de cadeiras plásticas, devidamente arrumadas para uma platéia e ocupadas por gente de todas as tribos, etnias e idades. Fora a multidão que se aglomerava nas calçadas e nas ruas dos dois lados. Mas que diabo! Passei aqui há menos de duas horas e não havia nada!
O som, agora um mix de música eletrônica e ruídos de TV mal sintonizada, vinha de um palco negro montado exatamente atrás da Catedral de Santa Maria Del Mar, no início do Passeig. Uma tela enorme exibia grafismos distorcidos em movimentos frenéticos. Em frente à tela, duas mulheres dançavam em sintonias distintas, tão assimétricas quanto as imagens na tela. Na mesa de multimídia ao lado, três malucos orquestravam o espetáculo. Tudo isso no meio da rua, ao ar livre, numa noite em que a chuva ameaçava a todos, e sem qualquer aviso prévio!
Assim é o Born no verão, que já vai acabando. Tudo pode acontecer a qualquer momento – e tudo acontece. Assim é Barcelona.
Karen e Ceci me encontraram em frente à creperia, já com a câmera na mão, procurando vaga no meio da multidão. Traziam três cervejas em garrafa para comemorarmos a estréia de Ceci no reino do call center, depois de quase dois meses buscando trabalho.
Enquanto eu terminava a sopa, inventada na hora com o que tinha na geladeira, matamos duas garrafas de Xibeca e meio vidro de azeitonas. Devo à cerveja catalã uma dose extra de pimenta na sopa, que ao final agradou às três, famintas que estávamos.
O toró deve ter pego as duas já dentro do NitBus. A mim restaram meia garrafa de Xibeca e uma pia cheia de louças, que vai ficar para amanhã.
Para quem quiser arriscar, segue a receita.
Foto: Ceci Gervaso
Sopa improvisada da Ana
Doure meia cebola picada em três colheres de azeite. Acrescente um punhado de peito de frango em tirinhas. Enquanto o frango pega cor, pique um ou dois tomates maduros, em cubinhos, e meia dúzia de champignons frescos, em lascas. Acrescente à caçarola e refogue até desmanchar os tomates. Misture um punhado de espinafre rasgado, sal, caldo de galinha, estragão e pimenta tipo páprica picante. Água para o caldo. Quando ferver, polvilhe um pouco de macarrão de letrinhas, deixe cozinhar por uns cinco minutos, experimente, ajuste o tempero y ya está!
Quem resistiu até o fim ganha um Jamie Cullum de bônus.
sério, caiu o mundo ontem!! e fica a dica: NUNCA, mas nunquinha mesmos pegar o N0. demoramos 55 minutos pra chegar em casa. sem trânsito. :) muito boa a sopa! com pimenta de bolinha e tudo, adorei! beijos guapa
É verdade, Karen, eu tinha esquecido de colocar na receita a pimenta do reino "de bolinha"...
Peu, você acha mesmo que vamos ficar PARADAS em Barcelona esperando você dar a volta ao mundo, fuefo? Venha logo, e traz uma receita de sopa de Amsterdã... hehehe.
Andréa, queridíssima, relaxa que na volta vocês serão minhas cobaias!
Essas suas fotos, suas receitas, suas histórias, te fazem tão perto da gente e nos tornam tão participantes de suas aventuras...obrigada pela generosidade.
Alê, que alegria te ver por aqui! E que alegria saber que vocês estão vindo comigo nesta viagem! É essa a idéia, afinal não há viagem boa sem os amigos. Beijo, Ana
Curiosa e desconfiada desde sempre; cozinheira e fotógrafa "experimental" desde os 7; mãe de Felipe desde os 21; jornalista profissional desde os 23 - y otras cositas más quando vem ao caso. Dividida e multiplicada. Desencantada das estruturas, crente nas criaturas. Escorpião ascendente Gêmeos. Intensa. Volúvel. Apaixonada. Quer chegar aos 80 assim: livre, leve e solta.
"Aqueles que se permitem as transgressões da alma com certeza são vistos e recebidos pelos outros como estrangeiros. Os que mudam de emprego radicalmente, os que refazem relações amorosas, os que abandonam vícios, os que perdem medos, os que se libertam e os que rompem experimentam a solidão que só pode ser quebrada por outro que conheça essas experiências. A natureza da experiência pode ser totalmente distinta, mas eles se tornarão parceiros enquanto 'forasteiros'".
hummm...fiquei com água na boca...beijocas! andréa.
ResponderExcluirsó invejo estar com voces, tomando essa sopa. barcelona bem que poderia esperar um pouco mais pela minha volta...
ResponderExcluirsério, caiu o mundo ontem!! e fica a dica: NUNCA, mas nunquinha mesmos pegar o N0. demoramos 55 minutos pra chegar em casa. sem trânsito. :)
ResponderExcluirmuito boa a sopa! com pimenta de bolinha e tudo, adorei!
beijos guapa
É verdade, Karen, eu tinha esquecido de colocar na receita a pimenta do reino "de bolinha"...
ResponderExcluirPeu, você acha mesmo que vamos ficar PARADAS em Barcelona esperando você dar a volta ao mundo, fuefo? Venha logo, e traz uma receita de sopa de Amsterdã... hehehe.
Andréa, queridíssima, relaxa que na volta vocês serão minhas cobaias!
Beijos.
Ana, cara amiga,
ResponderExcluirEssas suas fotos, suas receitas, suas histórias, te fazem tão perto da gente e nos tornam tão participantes de suas aventuras...obrigada pela generosidade.
Super beijo,
Alessandra
Alê, que alegria te ver por aqui! E que alegria saber que vocês estão vindo comigo nesta viagem! É essa a idéia, afinal não há viagem boa sem os amigos.
ResponderExcluirBeijo,
Ana