Adriana comentou dois posts abaixo e não resisti: fui buscar na rede Uma Relação Pornográfica (Une liaison pornographique, no original em francês), e aqui estou. Foi lá que conheci Sergi López, de Mapa de los sonidos de Tokio, dez anos atrás. Ele tinha uns 30 anos e já não deixava dúvida sobre seu talento.
Mas não voltei aqui para falar do ator espanhol, aliás um belíssimo exemplar. O que me fez sentar em frente à tela numa manhã de sábado de clima ameno foi a lembrança de um filme que representou, para mim, uma possibilidade de reconhecimento da natureza do amor – de como eu o sinto e vivo – longe do romantismo empastelado e irreal das fórmulas hollywoodianas.
Uma Relação Pornográfica é erroneamente classificado como um filme pornô. O título em inglês, An Affair of Love, é mais adequado no sentido lato do termo. Mas para quem entende o amor como algo que não aceita limites, o depoimento do diretor Fréderic Fonteyne ao jornalista Luiz Carlos Merten é mais que esclarecedor. “Filmo pessoas que fazem amor e conversam, e é nesse sentido que a relação se torna pornográfica; é obscena porque é completamente íntima; e o sexo é tão importante como a palavra.”
Os personagens são simplesmente Ele e Ela. Um homem e uma mulher que se conhecem por meio de classificados de sexo e passam a se encontrar para realizar suas fantasias. Acompanhamos seus encontros semanais num café, onde falam sobre tudo menos sexo, e seguimos com eles até a porta do quarto de hotel. Mas só até a porta.
Não sabemos o que se passa lá dentro até a metade do filme. E quando a porta finalmente se abre somos surpreendidos pela revelação de um caso de amor real, humano e palpável, com prazeres e dores dividindo em silêncio a intimidade da cama, em contraponto ao escudo de palavras com o qual protegem seus sentimentos nos encontros no café.
O olhar intenso e doce de Sergi López e a delicada transparência de Nathalie Baye nos transportam a um lugar dentro de nós onde o amor apenas é - obscenamente nu e absolutamente assustador.
Uma Relação Pornográfica é um filme em que as palavras enganam, e estão ali para isso. Um filme que fala pelos silêncios, pelo não-dito.
E de quantos não-ditos, de quantos silêncios não é feito um amor?
Nossa, Ana, como é que eu perdi esse filme?? Lembro de quando estava em cartaz e acabei não indo. Está ali o mais básico e fundo do que eu também penso do amor - fazer amor é conversar, o mais íntimo e verdadeiro de todos os diálogos, especialmente quando quase sem palavras. Elas não têm como caber o que já estamos dizendo... Na verdade, nesses silêncios é que está a real da alma. A droga é que eles vão crescendo, crescendo e aí queremos mais e mais do outro....
ResponderExcluirVoltando: já achou um novo piso??
Marcita, acabo de fazer uma faxina no meu novo piso, na esperança de me mudar amanhã. Aguarde um post detalhado sobre o tema... rs...
ResponderExcluirAcho que você encontra este filme em DVD. Vale a pena procurar! É um dos meus filmes preferidos. E, se te conheço um pouco, sei que vai a-mar!
bj.
Vou procurar sim e, depois de assistir, trocamos novas figurinhas. bjão e gracias pela dica
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