Almodóvar numa casa de espelhos

Minha primeira decepção ao desembarcar em Barcelona foi constatar que Los Abrazos Rotos já não estava em cartaz. Tampouco em Madri, onde estive semana passada visitando Felipe. Pues agora só me restava alugar o DVD ou baixar para ver no computador. Mierda!

Mas hoje o problema foi resolvido. Passei para tomar um Nespresso na casa de Angélica e Chiquinho e acabamos a noite chuvosa assistindo ao último filme de Pedro Almodóvar projetado numa enoooorme parede branca, na versão original, sem legendas - quase um cinema em casa.

Foi um prazer indescritível! Los Abrazos Rotos é um filme belíssimo. Humano, no que isso tem de melhor e de pior; cortante e delicado ao mesmo tempo; repleto de referências ao cinema (inclusive o almodovariano), numa intrincada construção de filmes dentro de filmes, como numa casa de espelhos. Um Almodóvar de cores fortes, mas também noir; de ternuras, humores, desnudamentos, crueldades; de amores explosivos e ódios mortais. Um Almodóvar depurado, maduro.

Sem falar na maravilha que é ver Penélope Cruz dirigida pelo espanhol! Ela se multiplica na tela - secretária, puta, atriz, diva, blonde, bonequinha de luxo, mulher. Linda, exuberante, intensa, vívida, ela é a alma do filme.

Estréia no Brasil em novembro. Eu não perderia por nada.