sexta-feira, 9 de outubro de 2009
Estamos de mudança!
quinta-feira, 8 de outubro de 2009
Estréia com sabor de madalenas
Doñana chegou dois minutos atrasada para a aula de Pastelería, e todos olharam espantados para o seu vestido florido. Já estavam em beca de chef, em pé ao redor da enorme mesa de mármore branco, mesmo sem terem sido apresentados ainda a um batedor de claras.
O monitor da classe, um francês com cara de brasileiro tentando falar castellano, não fez o mínimo esforço para ser agradável. Bem francês. A salvação de Doñana foi o Chef, o próprio, francês pero simpático.
“O problema é que não se pode fazer aula de cozinha de vestido”, disse a ela, meio sem graça. Ao que Doñana respondeu, em portunhol sofrível: “Eu não imaginava que teria uma aula prática já no primeiro dia!” Silêncio. Mais silêncio. O monitor só mirando de rabo de olho. “Venga, no pasa nada.” Ufa! O Chef lhe entregou a beca e o adelantal, y ya está. Sentiu-se absolutamente linda em seu novo traje branco.
O Chef começa a aula apresentando a cozinha. Chama a atenção para o congelador e o forno, “os segredos da boa pastelería”. Volta para a cabeceira da mesa e abre o livro diretamente na página da receita. Financier con Arándanos (algo como Madalenas com Blueberries). Amêndoas moídas, açúcar, mel, farinha de trigo, claras de ovo, manteiga.
Disseca os ingredientes: tipos, propriedades, vantagens e desvantagens, usos e desusos de cada um. Distribui potes com amêndoas de todos os tipos e açúcares de todas as origens para os alunos provarem – visão, tato, olfato, paladar. Demonstra no fogão de chapas indutoras como clarificar a manteiga e caramelizar ligeiramente o restinho de soro no fundo da panela. Depois, mãos à massa.
Ver é fácil, duro mesmo é repetir os movimentos cadenciados e harmônicos do Chef. Haja coordenação motora! Doñana formou dupla com a catalã que estava ao seu lado, Izabel, e foi logo avisando: “Não falo catalão”.
(Que mierda!, pensava ela toda vez que um aluno fazia perguntas no idioma da terra, mesmo sabendo que os estrangeiros da turma falam no máximo o castellano. Tudo bem que o catalão é a língua nativa, mas Doñana acha um pouco arrogante obrigar os estrangeiros a entendê-lo.)
Pues Izabel entendeu de pronto a situação de nossa aprendiz. “No pasa nada. Hablo perfectamente el castellano.” E assim começaram a trabalhar.
Entre uma panela aqui, uma espátula ali, um pote de mel e uns arándanos no meio, as duplas trombavam no corre-corre, uma manteiga saía queimada, outra com muito soro, um batia depressa, outro devagar demais... E todos, rigorosamente todos, se lambuzaram de massa na hora de encher as forminhas com os sacos afunilados de confeitar (que aqui chamam demanga de pastelero).
Do forno para o freezer. E que freezer! Tem até nome próprio (que ela, lamentavelmente, esqueceu de me contar). Cinco minutos de resfriamento, sacam-se as madalenas das forminhas, provam-se algumas e – voilá! - o que sobra é dividido meio-a-meio pelas duplas.
Doñana saiu de lá com três saquinhos plásticos cheios de madalenas a tiracolo. “Na próxima semana tragam um tuper para levar o que fizerem”, avisa o Chef.
Tudo isso ela me contou quando passou por aqui, ontem à noite, e me ofereceu suas 14 madalenas ainda mornas. Estava alegre e entusiasmada dentro do vestido florido. Passei um café fresquinho, mas ela preferiu nem tocar nas madalenas, porque senão já viu.
Se Doñana seguir firme na dieta, parece que teremos degustação de docinhos no Born toda quarta-feira. Estão abertas as inscrições.
Eu, como não sou de ferro, comi a madalena que está faltando ali na foto... E dou minha palavra de que estava ótima!
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Fora do ar... de novo!
Pues, hasta mañana - se a Telefonica deixar...
Yo que sé?
Das coisas boas da vida
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Farejar é preciso
A Vaquinha foi pro brejo
A cozinha mínima é o máximo
Tudo novinho em folha
domingo, 4 de outubro de 2009
Gracias a la vida
Violeta Parra
Me dió dos luceros que cuando los abro
Perfecto distingo lo negro del blanco
Y en alto cielo su fondo estrellado
Y en las multitudes el hombre que yo amo
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me ha dado el oí do que en todo su ancho
Graba noche y dia grillos y canarios
Martillos, turbinas, ladridos, chubazcos,
Y la voz tan tierna de mi bien amado
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me ha dado el sonido y el abecedario
Con él las palabras que pienso y declaro
Madre, amigo,hermano y luz alumbrando
La ruta del alma del que estoy amando
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me dió el corazón que agita su marco
Cuando miro el fruto del cerebro humano
Cuando miro el bueno tan lejos del malo
Cuando miro el fondo de tus ojos claros
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me ha dado la marcha de mis pies cansados
Con elos anduve ciudades y charcos
Playas y desiertos, montanias y llanos
Y la casa tuya, tu calle y tu patio
Gracias a la vida, que me ha dado tanto
Me ha dado la risa y me ha dado el llanto
Así yo distingo dicha de quebranto
Los dos materiales que forman mi canto
Y el canto de ustedes que es el mismo canto
Y el canto de todos que es mi propio canto
Gracias la vida... gracias a la vida
sábado, 3 de outubro de 2009
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Fora do ar *
* Perdao pela falta de acentos, nao os encontrei no teclado da Karen.
domingo, 27 de setembro de 2009
Pequeno milagre da Virgen de la Mercè
sábado, 26 de setembro de 2009
¡Madriz me mata!
Por Graça Freire *
Dessa maneira se pronunciava e se escrevia a expressão em camisetas, postais e cartazes vendidos nos museus e bancas de jornal de Madri lá pelos anos
Por si, o madrilenho tem fama de festeiro, e salir de copas é correr os bares, de balcão em balcão, ou de barra en barra, bebendo cañas e picando tapas, dispostas aos olhos do freguês atrativamente decoradas, cobradas pelo número de palitos usados, deixados sobre o prato.Em bom português, beber um chope no cristal, beliscando tira-gostos, em pé, no balcão.
Grupos de amigos, sempre com alvoroço, entram e saem dos botecos das ruas que cortam o Centro de Madri.
Ah, Madri, Madrid, Madriz...
Mas nem só de cañas, de barra en barra, de tapas y bocadillos, se podia curtir a movida madrileña.
Lembro-me que bom mesmo era beber um vermouth, (também com th dito entre dentes), jorrando de um tonel de carvalho, por uma torneira de prata, caindo em um copinho daqueles de beber pinga aqui no Brasil. Não em pé, mas sentados, a uma mesinha escura, toalha xadrez, o olhar dividido entre o mural azulejado e aquela sua inesquecível mirada, por trás das lentes que o deixavam ainda mais misterioso.
Era em Chueca, o bairro das letras, dos boêmios, dos poetas, mas também dos drogadictos largados por suas vielas. Eram as meias-manhãs de sábado, fossem frias ou quase ensolaradas.
Era a Madriz que parece, ainda, querer me matar de saudades.
* Graça Freire, 56 anos. Por profissão, bióloga e professora universitária. Por prazer e paixão, as artes-plásticas, o artesanato e a poesia. Morou e estudou em Madri de
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Y tú que sabes?
Por favor, não se acanhem. Afinal, estamos na vida é para isso mesmo: compartilhar!
Idéias para anamariarossi@uol.com.br.