sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Estamos de mudança!

YO QUE SÉ está em novo endereço. Vai lá!


É com grande alegria e enorme expectativa que comunico oficialmente a mudança de endereço deste modestíssimo blog.

A partir deste exato momento (1h48 da madrugada de 9 de outubro de 2009 em Barcelona), meus 32 fiéis leitores devem se dirigir ao seguinte endereço:



A idéia é facilitar a vida de vocês, e também desta que vos fala.
Me disseram que na nova casa as dificuldades para postar comentários desaparecerão - e eu acreditei!
Vocês me dirão...

Passem lá! O novo yo que sé? está mais limpinho!
E alguns podem achar até mais bonitinho...


Perdoem o mau jeito mas, como em toda casa nova,vamos
ajeitando as coisas aos poucos. Pero no pasa nada,
em poucos dias ela vai ficar um brinco!

Gracias aos que vieram até aqui. E até !

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Estréia com sabor de madalenas

Fotos: Anamaria Rossi

Doñana chegou dois minutos atrasada para a aula de Pastelería, e todos olharam espantados para o seu vestido florido. Já estavam em beca de chef, em pé ao redor da enorme mesa de mármore branco, mesmo sem terem sido apresentados ainda a um batedor de claras.

O monitor da classe, um francês com cara de brasileiro tentando falar castellano, não fez o mínimo esforço para ser agradável. Bem francês. A salvação de Doñana foi o Chef, o próprio, francês pero simpático.

“O problema é que não se pode fazer aula de cozinha de vestido”, disse a ela, meio sem graça. Ao que Doñana respondeu, em portunhol sofrível: “Eu não imaginava que teria uma aula prática já no primeiro dia!” Silêncio. Mais silêncio. O monitor só mirando de rabo de olho. “Venga, no pasa nada.” Ufa! O Chef lhe entregou a beca e o adelantal, y ya está. Sentiu-se absolutamente linda em seu novo traje branco.

O Chef começa a aula apresentando a cozinha. Chama a atenção para o congelador e o forno, “os segredos da boa pastelería”. Volta para a cabeceira da mesa e abre o livro diretamente na página da receita. Financier con Arándanos (algo como Madalenas com Blueberries). Amêndoas moídas, açúcar, mel, farinha de trigo, claras de ovo, manteiga.

Disseca os ingredientes: tipos, propriedades, vantagens e desvantagens, usos e desusos de cada um. Distribui potes com amêndoas de todos os tipos e açúcares de todas as origens para os alunos provarem – visão, tato, olfato, paladar. Demonstra no fogão de chapas indutoras como clarificar a manteiga e caramelizar ligeiramente o restinho de soro no fundo da panela. Depois, mãos à massa.

Ver é fácil, duro mesmo é repetir os movimentos cadenciados e harmônicos do Chef. Haja coordenação motora! Doñana formou dupla com a catalã que estava ao seu lado, Izabel, e foi logo avisando: “Não falo catalão”.

(Que mierda!, pensava ela toda vez que um aluno fazia perguntas no idioma da terra, mesmo sabendo que os estrangeiros da turma falam no máximo o castellano. Tudo bem que o catalão é a língua nativa, mas Doñana acha um pouco arrogante obrigar os estrangeiros a entendê-lo.)

Pues Izabel entendeu de pronto a situação de nossa aprendiz. “No pasa nada. Hablo perfectamente el castellano.” E assim começaram a trabalhar.

Entre uma panela aqui, uma espátula ali, um pote de mel e uns arándanos no meio, as duplas trombavam no corre-corre, uma manteiga saía queimada, outra com muito soro, um batia depressa, outro devagar demais... E todos, rigorosamente todos, se lambuzaram de massa na hora de encher as forminhas com os sacos afunilados de confeitar (que aqui chamam demanga de pastelero).



Quinze minutos mais e as madalenas saíam quentinhas do forno. Aliás, que forno! Doñana nunca tinha visto um assim, ao vivo e a cores. Nem ligou para o bafo quente quando abriu aquele monumento para colocar desajeitada a sua bandeja, tão emocionada que estava. Uma boba essa Doñana.

Do forno para o freezer. E que freezer! Tem até nome próprio (que ela, lamentavelmente, esqueceu de me contar). Cinco minutos de resfriamento, sacam-se as madalenas das forminhas, provam-se algumas e – voilá! - o que sobra é dividido meio-a-meio pelas duplas.

Doñana saiu de lá com três saquinhos plásticos cheios de madalenas a tiracolo. “Na próxima semana tragam um tuper para levar o que fizerem”, avisa o Chef.

Tudo isso ela me contou quando passou por aqui, ontem à noite, e me ofereceu suas 14 madalenas ainda mornas. Estava alegre e entusiasmada dentro do vestido florido. Passei um café fresquinho, mas ela preferiu nem tocar nas madalenas, porque senão já viu.

Se Doñana seguir firme na dieta, parece que teremos degustação de docinhos no Born toda quarta-feira. Estão abertas as inscrições.

Eu, como não sou de ferro, comi a madalena que está faltando ali na foto... E dou minha palavra de que estava ótima!

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Fora do ar... de novo!

Doñana passou lá em casa, deixou umas madalenas quentinhas que aprendeu a fazer hoje, mas a internet teima em nao me deixar conectada com o mundo. Quem sabe amanha consigo mostrar as madalenas? Aqui neste locutório é que nao vai ter jeito.

Pues, hasta mañana - se a Telefonica deixar...

Yo que sé?

Das coisas boas da vida

Pena estar longe e não poder abraçar apertado

Mirian, Fernanda e Cadu,

que estão de cumple hoje.

Amigos muy queridos, segue de longe um pequeno regalo...







Mirian, companheira querida,
espero que Maria Luiza
esteja por aí pra te abraçar
beeeeem forte!


Beijos.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Farejar é preciso

O doberman chef veio daqui.

Doñana esqueceu de contar o momento degustação da aula de hoje.

Quatro bandejas, com 14 copinhos cada, um para cada aprendiz. O primeiro líquido é amarelado. Ela olha. Cheira. Põe uma golada na boca e bochecha com veemência, seguindo as instruções do Chef. Finalmente engole, e faz uma careta. Amargo. Salivação abundante nas laterais e no fundo da língua, trava na garganta e no diafragma.

Segundo copinho: incolor e inodoro. Antes fosse insípido! Bochechar foi um sacrifício, engolir nem se fala. Doñana repete a careta e constata: Ácido. Salivação nas paredes das bochechas, trava no canto externo das gengivas superiores, mas desce um pouco mais, chega ao estômago.

Terceiro copinho: incolor. Cheiro leve de maresia. É colocar na boca e o côncavo sob a língua dispara uma enxurrada de saliva. Desce quase redondo. Salgado.

Doñana fica feliz quando vem o quarto copinho, afinal só resta o Doce. Cheiro de nada. Cor de nada. Desce redondo e deixa um gostinho bom na ponta da língua. Mas trava a glote, salivação zero. Só resta à aprendiz correr a buscar um copo d'água.

O que fazer com isso? "Vou transformar vocês em verdadeiros dobermans", promete o Chef. É o que Doñana vai conferir e contar para vocês nos próximos 11 meses.

A Vaquinha foi pro brejo

Foto: Anamaria Rossi

Atendendo a pedidos de milhares de leitores comovidos com o caso da Vaquinha, volto para contar que fim levou a pobre bovina, que saiu do quarto do João Miguel, em Sagrada Família, para adornar o meu, aqui no Born, mas acabou... bueno, vamos por partes.

Saímos para almoçar e a vaquinha ainda estava ali embaixo, "guardada" num canto da rua, à espera de uma corda para subir até o primeiro andar. Voltei no final da tarde e a encontrei já a meio caminho do Passeig del Born. Resgatei-a de volta ao seu refúgio e subi para preparar o jantar. Corda só no dia seguinte. A pobre teria que dormir ao relento.

Pues bueno. Quando Ceci chegou, perguntei se ela tinha visto uma vaquinha lá embaixo. Tinha. Estava em frente à creperia, em pleno Passeig del Born, como uma excentricidade da casa. Puts, vamos lá buscá-la, Ceci, essa vaquinha é minha. "Como sua? E por que ela não está aqui? No te puedo crer!"

Decidimos buscar imediatamente a poltrona, ainda que fosse para amarrá-la à ferragem da portaria até a manhã seguinte. Já estávamos nos preparando para descer quando ouvi o barulho do caminhão da BCNeta, o infalível coletor de lixo e apetrechos em geral deixados nas esquinas.

Mal pude acreditar quando saí ao balcão e ouvi mais de perto o som da tragédia: a coitadinha estava sendo tragada e triturada pela máquina do lixo! Ceci não acreditou e foi lá conferir. Já não havia poltrona de luxo em frente à creperia. Jantamos desconsoladas.

Doeu. Ainda dói. Meu quarto ficará sem poltrona até o fim, em luto e protesto.

A cozinha mínima é o máximo

Ganha um rolo de macarrão em madeira maciça, com a marca Doñana em alto relevo, quem adivinhar quantos elementos básicos tem uma cozinha mínima. Vou contar até dez. Pode começar?

Pois na aula de hoje ninguém acertou.

Onze. São onze os apetrechos que você precisa arrumar direitinho à sua frente quando quiser fazer aquela massinha básica para o seu love. Além do essencial: você! De preferência, de avental e com um pano de prato pendurado na cintura. Super sexy.



Vamos ao passo-a-passo.

Primeiro ponha uma tábua beeeem grande no centro da mesa. No canto superior esquerdo, dois pratos de apoio (veja bem, não são aqueles lindos de servir, são os mais velhinhos que tiver no armário). No canto direito, uma vasilha redonda e ligeiramente funda, internacionalmente conhecida como bowl. Ainda na parte de cima, no centro de tudo, uma bandeja para as cascas e tudo o mais que for lixo.

Do lado direito disponha seus potes de sal, óleo e pimenta, além de um recipiente fundo com água para as colheres. No canto inferior direito, um pano-de-prato seco e um perfex úmido.

Sobre a tábua, disponha suas três facas básicas, devidamente afiadas e com o corte voltado para dentro: uma grande, uma pequena e um descascador.

Pronto, está lista sua Cocina Mínima!

O resto é com você... Pelo menos até a próxima aula.

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Em tempo: Doñana não sabe desenhar, mas está aprendendo a cozinhar e me disse que vai aparecer por aqui de vez em quando.

Tudo novinho em folha

Eis que a $*%@#)&%# da Telefonica resolveu me reconectar com o mundo...

E para comemorar a chegada do novo modem, nada melhor que uma foto do meu novo varal, estreando a também novíssima máquina de lavar, que chegou hoje e parou o trânsito de turistas embaixo do balcão. Não era para menos. Considerando os três palmos e dois dedos de largura da escada, a dita-cuja teve que subir pela janela - de guindaste!

Este varal sobre as cabeças passantes me lembra os tempos de Alojamento Estudantil na UnB...

Fotos: Anamaria Rossi

E vejam que beleza a vista panorâmica quando olho para cima!

Bueno, poderia ser pior, hoje pelo menos não tem cuecas.